
Reli o livro de Pedro Nava, "O Círio Perfeito". O escritor afirmou certa vez que escrever recordações dói muito, dilacera, castiga. Ajuntou com certo masoquismo que por isso continuaria a escrever...
Pedro andou certo dia até a praça da Glória (tradicional reduto de prostitutas e travestis do Rio de Janeiro) escondeu-se atrás de uma árvore e deu um tiro na fronte direita.
Nava afirmou que o suicídio era a única opção de quem cansou de viver. Que a velhice era conduzir um carro com os faróis voltados para trás. Para o passado e suas lembranças... Teria por isso desistido da vida?
Alguns afirmam que a causa foi o seu homossexualismo ter sido descoberto e estar sendo chantageado. Hoje em dia ele estaria "na moda" e seria até elogiado por reconhecer.
Morrer seria somente "deixar a peteca cair"? Como disse Drumond: " Que adianta chorar os mortos se eles alcançaram a sublime indiferença da vida consumada?".
Mircea Eleade, estudioso das culturas e dos mitos, ao descrever a prática xamânica disse que a pior doença reconhecida pelos curandeiros é a da violação da alma.
Pergunto-me se envoltos em tanta corrupção, mentiras, desprezo da Justiça e exaltação do crime não estaria a nossa alma sendo violada diariamente?
A cura oferecida por estes feiticeiros para sair deste "limbo espiritual" seria fazer chacoalhar e tremer o corpo. Choques elétricos nos hospícios almejariam o mesmo efeito...
Que choque precisaria o povo ter para sair da sua apatia, indiferença e comodismo? Se a divulgação dos crimes do governo petista, de congressistas que se vendem, e de presidentes corruptos não resolveu, o que resolverá?
Estaremos condenados a um limbo espiritual eterno, onde os nossos valores serão sempre desprezados e esquecidos, nossa moral adulterada pelos meios de comunicação e nossa vida fadada ao suicídio por falta de opção de sobrevivência?