
Com preguiça de sair à noite pego na estante um livro: O Diário de Andy Warhol. Numa passagem afirmou que esquecemos das emoções acostumados a ver fotos de desastres, imagens das mais desconcertantes na televisão e demais meios de comunicação. (Acrescentaria atos de Terrorismo que parecem criar um branco no nosso cérebro.)
Estava convencido de que o Oeste era a direção do progresso, da fortuna e da fama. A "reta final", Hollywood. Fotografou as pessoas como se fossem produtos à venda, objetos de consumo do público e dos fãs. (Pessoas alienadas e infelizes, como ele, crônicas do próprio sem sentido da vida americana.)
Lapidou o consumismo da sua época através das caixas de Dillo, das latas de sopa Campbell. Pegou emprestado a linguagem dos supermercados, sua acumulação de objetos, a repetição e a ausência de valores e fez a critica feroz deste consumismo.
Seria a sua arte nada mais do que esta crítica sutil da degeneração do ser humano? A sacralização dos bens de consumo? Estamos até hoje sufocados por este consumismo, pela sua ausência de valores a guiar as condutas, pela degeneração do humano.
Warhol apesar de morto há tempos, ainda é atual na sua valoração da sociedade.
Estamos presos numa Aldeia Global onde as imagens e abstrações dos meios de comunicação ditam o que pensar e como agir. Os telejornais colocam-nos num incomensurável ceticismo e nojo, fazendo-nos descrer dos políticos, dos economistas desta sociedade imoral e sem valores.
Na clausura de meu incomensurável ceticismo descreio deste mundo que apresentam como racional. Destruição de países inteiros, extermínios baseados em movimentos religiosos, protestos sangrentos, mortes pelas ruas e fome!
Como um cego que ouve um trovão e não sabe de onde vem, ou o que fazer, pressinto as ruínas de nosso estilo de vida. Os pobres cada vez mais pobres e os miseráveis falecendo sem auxílio, e muita violência...
E isso dói na minha carne e como dói!